057: WORDLE
scott mccloud | andré juillard | jules feiffer | zoe thorogood | minha semana | capitalismo | páginas viradas
O texto abaixo é a tradução de um fio de Scott McCloud no BlueSky. O original começa aqui.
A partir de hoje, não faço mais o Wordle pela manhã.
Ontem, fui tomar o café, vi os três quadradinhos ficarem verdes e entendi o que ia aparecer.
Como alguns aqui sabem, quando Ivy faleceu, há dois anos e meio, comecei a usar a palavra inicial que ela sempre usava, TEACH. Foi a que eu digitei toda manhã por 365 dias.
Quando completou um ano da morte dela, troquei por uma palavra um pouquinho melhor, um pouquinho mais eficiente: LEARN.
Na véspera do aniversário dela naquele ano, a palavra do Wordle foi LEARN. Acertei de primeira.
Quando completaram-se dois anos da morte, eu tinha que trocar a palavra mais uma vez. Sabia que tinha. Troquei por uma também melhor, também mais eficiente: TEARS.
Eu tinha um registro das palavras que já tinham saído. Sempre que minha segunda tentativa rendia, também registrava.
Mas eu sabia que aqueles três quadradinhos verdes na minha primeira tentativa me obrigavam a ir de TEACH.
Virei um monstro do Wordle. Teve vezes que eu fiquei meio grau melhor que o robozinho.
Não interessava onde estivesse ou o que fosse fazer, eu tinha que começar o dia do mesmo jeito. Era uma âncora no meu cotidiano. Me dava estrutura, quando eu mais precisava.
Então, ontem, lá estava eu, olhando aqueles três quadradinhos verdes há um tempão…
Liguei uma das músicas que Ivy mais gostava, digitei TEACH, dei enter, e era.
E eu entendi que era o momento que eu estava esperando. Eu podia parar.
Winter quase chorou quando eu falei que ia largar o Wordle. Comparar os resultados fazia parte da nossa rotina de pai e filha. Tinha seu significado.
Decidimos que Winter vai fazer o Wordle na conta *dela*, todo dia, depois do meu expediente, e eu vou ajudar.
Vamos fazer juntos.
“A impressão é de que ele fez de tudo. Dedicou-se a sua paixão, viveu bem do que fazia, testou seus limites criativos, deixou sua marca em um gênero, aparentemente nunca largou o lápis e foi reconhecido em vida. Seu trabalho ainda vai descobrir e inspirar novos leitores em livrarias e gibitecas da França e além. Nenhum homem é eterno, mas o artista conhecido como André Juillard, renomado na seara dos quadrinhos de ficção histórica, fez por merecer - e muito - seu espaço nos registros da nona arte.”
Do obituário de André Juillard no TCJ, por
.“Muito do que a escola ensina às crianças tem a ver com o controle. Ser controlado, controlar seu destino, saber o que você está fazendo antes de fazer. Não errar. E isso tudo, penso eu, se opõe ao sentido de uma vida de verdade, de uma vida genuína, uma vida feliz. São os erros que nos levam ao que é mais importante. As únicas respostas que interessam, aquelas em que vale a pena prestar atenção, são as que abrem sua mente para ser mais curioso, não menos. E temos que ser curiosos o tempo todo, em tudo, porque tudo muda sem parar.
Às vezes levamos anos para fazer nossas escolhas. Alguns dão sorte e se descobrem. Outras pessoas passam a vida seguindo ordens. Eu, depois de tantos anos, sigo tentando. Estou com 95, aprendendo a lidar com todas as contradições, e nem por um segundo eu penso que tenho as respostas. Mas eu sei, sei pra caramba, que tenho as perguntas certas.”
Jules Feiffer, entrevistado aos 95. Arquivado em Ouça os mais velhos.
O texto abaixo é de Zoe Thorogood, no Instagram. A ilustração também.
Ontem, meu irmão mais novo tirou a própria vida. Ele tinha 23 anos e foi o garoto mais querido que já existiu.
Na nossa última conversa por telefone, rimos e falamos dos games que jogávamos quando criança. Falei que, da próxima vez que a gente se encontrasse, ia rolar um deathmatch no Half Life.
Cuide dos garotos que você tem na sua vida. Diga que eles merecem amor, que eles são especiais.
Meu irmão era carinhoso, atencioso, muito inteligente, prestativo, sensível demais para esse mundo. Meu irmão era melhor que eu em tudo. Em tudo. Queria que ele fosse mais cuzão, porque aí talvez ele fosse mais forte. Sei lá.
Eu lembro do garotinho loiro que adorava a galinha de pelúcia (a Fedida), o tamboril, o Lego, que dizia que eu tenho cara de rato. Eu olho no espelho e vejo a cara do meu irmão. Então, meu amigo, acho que você também tinha cara de rato.
Ele andava mal. No sábado, ele me disse que tava melhorando, que as coisas tavam bem. Eu não paro de pensar em como ele estava de verdade. Ele me disse que nunca ia fazer uma coisa dessas, que não queria magoar a família, mas acabou que não teve outra saída.
Eu sei que eu vou dar um jeito pra que algo de bom saia do que aconteceu. O legado do meu irmão é de bondade, cuidado, compreensão. Mas, agora, nesse momento, eu só quero meu irmão de volta. Só quero jogar videogame com ele.
Mudei para sempre. Eu te amo, James. Você é um bosta pelo que fez. Fiz esse desenho no ano passado, quando você me deixou escrever um livro sobre você, seu otário. Mas você não tinha que ser tão dramático.
Mas você é meu irmão, né. Está no sangue.
O irmão de Thorogood, James, se matou no dia 17. Ela tem publicado textos, desenhos e fotos no Instagram enquanto se resolve com o luto. É bonito como não tinha que ser.
Não tenho muita coisa pra contar essa semana, então resolvi transformar a edição nesse caderno de recortes. Peço desculpas por tanta morte.
(A primeira dói um pouco mais porque conheci as pessoas. Scott McCloud e a esposa, Ivy Ratafia, estiveram numa CCXP e tive a chance de conversar com os dois e uma das filhas por uns minutos. Ivy faleceu em um acidente de trânsito em 2022.)
Acabei a primeira tradução do PROJETO BLEFAROTOMIA e comecei a revisar.
Comecei PROJETO PERU. É um quadrinho, só 100 páginas, primeira tradução também está pronta. Faltam revisões.
Fiz a primeira revisão do PROJETO OCEANO. Conversei com a autora, que me mandou o e-mail mais carinhoso e prestativo que eu já recebi.
Entrevistei
sobre os vinte anos de carreira. Deu um texto looooongo. Sai até o final do ano, acho. Eu aviso.Na próxima sexta-feira, vou conversar com alunos de ensino fundamental em um colégio de Lajeado-RS sobre a tradução de CONTOS DOS SUBÚRBIOS DISTANTES. Faz parte do Festival do Livro Gustavo Adolfo, que este ano é focado em literatura fantástica.
Sugeri ao colégio que os alunos traduzissem um conto (de uma página) do livro antes do nosso papo. O colégio e as professoras, gentilmente, toparam. Acho que vai ser divertido. Espero que os alunos não me odeiem.
Esperando projetos novos. Esperando. Esperando. Esperando.
Os links abaixo são de trabalhos meus que foram lançados há pouco tempo ou serão lançados em breve. Comprar pelos links da Amazon me rende uns caraminguás. Se puder, use os links. As datas podem mudar a qualquer momento e eu não tenho nada a ver com isso.
agora, no catarse
A ESTRANHA MORTE DE ALEX RAYMOND, Dave Sim e Carson Grubaugh, go!!! comics
em setembro
PONTOS FRACOS, Adrian Tomine, nemo
O ABOMINÁVEL SR. SEABROOK, Joe Ollmann, quadrinhos na cia.
SENHOR DAS MOSCAS, Aimée de Jongh (baseado no livro de William Golding), suma
CONAN, O BÁRBARO 4, Jim Zub, Doug Braithwaite e outros, panini
OS INVISÍVEIS EDIÇÃO DE LUXO vol. 2, Grant Morrison, Steve Yeowell, Steve Parkhouse e vários, panini
MOONSHADOW, J.M. DeMatteis, Jon J. Muth, pipoca & nanquim [reimpressão]
em outubro
MINHA COISA FAVORITA É MONSTRO - LIVRO 2, Emil Ferris, quadrinhos na cia.
KULL: A ERA CLÁSSICA vol. 2, Roy Thomas, Don Glut, Gerry Conway, John Severin, Marie Severin e outros, panini
LOBO OMNIBUS VOL. 1, Keith Giffen, Alan Grant, Val Semeiks, Martin Emond e outros, panini [traduzi um terço do omnibus]
CONAN, O BÁRBARO 5, Jim Zub e Roberto de la Torre, panini
A ESPADA SELVAGEM DE CONAN 1, John Arcudi, Max von Fafner, Jim Zub, Patrick Zircher, Robert E. Howard, Roy Thomas, panini
LÚCIFER - EDIÇÃO DE LUXO vol. 4, Mike Carey, Ryan Kelly, P. Craig Russell, Marc Hempel, Ronald Wimberly e outros, panini
CONAN, O BÁRBARO: A ERA CLÁSSICA vol. 8, James Owsley, Val Semeiks, Geof Isherwood e outros, panini
OS INVISÍVEIS EDIÇÃO DE LUXO vol. 3, Grant Morrison, Phil Jimenez e vários, panini
ZDM - EDIÇÃO DE LUXO vol. 2, Brian Wood, Kristian Donaldson, Nathan Fox, Riccardo Burchielli, Viktor Kalvachev, panini (traduzi metade das HQs e os extras)
SENHOR DAS MOSCAS, a adaptação para os quadrinhos que Aimée de Jongh fez do livro de William Golding, já está circulando e vi duas resenhas comentando a tradução. Agradeço muito. Preciso registrar meu agradecimento a Sérgio Flaksman, que traduziu a versão em prosa que me serviu de base. Não fui totalmente fiel, mas tentei respeitar o que ele fez.
A convite da Suma HQ, gravei um vídeo sobre as qualidades da adaptação, visando o uso do quadrinho por professores. Minha primeira regra com vídeos em que eu apareço é que eu nunca vou assistir. Mas confio nos editores de vídeo da Suma.
em novembro
A VINGANÇA DAS BIBLIOTECAS, Tom Gauld, todavia
GRANT MORRISON E A HISTÓRIA, de Mario Marcello Neto, Felipe Radünz Krüger, Artur Lopes Filho e Márcio dos Santos Rodrigues (orgs.), Dokan Editora - escrevi a introdução
CONAN, O BÁRBARO 6, Jim Zub e Roberto de la Torre, panini
STRANGER THINGS E DUNGEONS & DRAGONS, Jody Houser, Jim Zub, Diego Galindo e Msassyk, panini
A ESPADA SELVAGEM DE CONAN 2, Jim Zub, Richard Case, Patrick Zircher, panini
vem aí
HOW TO e WHAT IF 2, Randall Munroe, companhia das letras
KRAZY & IGNATZ VOL. 2: 1919-1921, George Herriman, skript
SAPIENS VOL. 3, David Vandermeulen e Daniel Casanave, quadrinhos na cia.
COMIC BOOKS INCORPORATED, Shawna Kidman
ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS e ATRAVÉS DO ESPELHO, Lewis Carroll
FEEDING GHOSTS, Tessa Hulls, quadrinhos na cia.
mais BONE de Jeff Smith (e amigos), todavia
+ Adrian Tomine
+ Dan Clowes
+ Shaun Tan
+ Will Eisner
+ Gato Pete
+ Mike Birchall
+ Lore Olympus
+ Conan
+ Stranger Things
+ Projeto Camalote
+ Projeto Tylenol
+ Projeto Fritas
+ Projeto Baleial
+ Projeto Sopa
+ Projeto Dadaab
+ Projeto Tesla
+ Projeto Vesta
Todas as minhas traduções: ericoassis.com.br
São tantas páginas lindas em TOKYO THESE DAYS, de Taiyo Matsumoto, que eu não sei escolher. Só trago para dizer que a sensação é de que você está lendo o quadrinho mais importante do mundo nesse momento.
E tem essas capas.
Caramba, essas capas.
TOKYO THESE DAYS VOL. 1 [amazon]
TOKYO THESE DAYS VOL. 2 [amazon]
TOKYO THESE DAYS VOL. 3 [amazon]
Trechinho de uma página de PEPE MUJICA Y LAS FLORES DE LA GUERRILLA, o quadrinho que mais comentaram comigo lá em Montevideo. Roteiro de Matías Castro e Leo Trinidad.
Com desculpas aos autores, achei chato até chegar nas páginas finais, as da entrevista com o Mujica de hoje. São as que valem.
PEPE MUJICA Y LAS FLORES DE LA GUERRILLA [li no kindle]
De TRANSFORMERS n. 10. Roteiro de Daniel Warren Johnson, desenho de Jorge Corona, cores de Mike Spicer. [kindle]
Comecei a ler uma série que devia ter lido há muito tempo: JOURNEY INTO MYSTERY, de Kieron Gillen, Doug Braithwaite, Ulisses Arreola e grande elenco. Começa muito bem. [amazon]
De COSAS QUE TE PASAN SI ESTÁS VIVO, do Liniers. Deixando toda a modéstia de lado, eu estava lá nesse dia, em 2008. Até entrevistei o Liniers. Quem sugeriu a tradução “supimpa” foi o Eduardo Nasi. [amazon]
Meu nome é Érico Assis. Sou jornalista e tradutor. Escrevo profissionalmente sobre quadrinhos desde 2000, traduzo profissionalmente desde 2009. Sou um dos criadores do podcast Notas dos Tradutores, colaboro com o canal de YouTube 2Quadrinhos e com o programa Brasil em Quadrinhos do Ministério das Relações Exteriores. Dou cursos de tradução na LabPub. E escrevo esta nius.
Publiquei dois livros: BALÕES DE PENSAMENTO 1 e 2, disponíveis em formato digital e físico na Amazon.
Tem mais informações no meu website ericoassis.com.br.
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