053: MINHA COISA FAVORITA É LETRAS, LIVRO DOIS
jessica freiria e minha coisa favorita é monstro 2 | pétalas | minha semana | capitalismo | páginas viradas
Minha tese de doutorado foi um ensaio sobre o letreiramento de tradução em quadrinhos. Letreiramento é a etapa na tradução em que uma pessoa, o ou a letreirista, troca o texto nos balões e recordatórios, redesenha onomatopeias e inscrições de cenário. É aplicar a tradução em tudo que tiver texto.
Defendi que, na tradução de uma HQ, o letreirista é tão tradutor quanto o pessoal que “só” pensa de uma língua pra outra. É o que eu faço - e só eu sou chamado de tradutor.
Eu entrego um documento com todos os textos que alguém vai ter que “só” aplicar nos balões, recordatórios etc. E esse documento é o que costumam chamar de tradução.
Há livros e cursos e faculdades inteiras sobre a minha parte na tradução. Que não é “só” pensar de uma língua para outra, mas também inclui pensar contexto, públicos, poética, criatividade etc.
Mas pouco, muito pouco se fala sobre essa etapa necessária da tradução - e que também é tradução: a de botar o texto na página de quadrinho, e a atenção estética, técnica, poética e criativa que essa etapa exige. Ou seja: também não é “só” trocar um texto por outro.
Tem 250 páginas sobre isso lá na minha tese, com vários exemplos. Mas só apareceu depois que eu concluí e defendi o doutorado, apareceu um dos melhores exemplos do que eu queria falar. E eu, por acaso, me envolvi.
Traduzi MINHA COISA FAVORITA É MONSTRO para a Companhia das Letras/Quadrinhos na Cia. no meu último ano de doutorado. A tradução só foi lançada dois anos depois - em parte porque o letreiramento tomou muito mais tempo do que a minha parte na tradução.
MINHA COISA FAVORITA é um trabalho de fôlego enorme de Emil Ferris, que levou dez anos desenhando com canetas esferográficas o que seriam os diários ilustrados de sua personagem principal, a menina lobismoça Karen Reyes. Todas as letras do quadrinho também foram feitas à mão, no papel, e se confundem com os desenhos.
Karen/Emil gosta de desenhar capas de revistas de terror: a GHASTLY, a DREAD, a GHOULISH, a SPECTRAL, a TALES OF THE ELDRITCH AND THE ARCANE, a HORRIFIC. São recriações detalhadas, com títulos e chamadas trabalhados na esferográfica. Sugeri traduções para os nomes das revistas - MEDONHA, PAVOR, SINISTRA, ESPECTRO, CONTOS DO EXTRAORDINÁRIO E DO ARCANO, HORRENDA - mas, sinceramente, não achei que o editor ia querer mexer nessas capas. Daria muito trabalho, tomaria muito tempo. E mais: onde se acha alguém competente e disposto a fazer tudo isso?
Pois eu me enganei.
Em 2019, entrevistei o cara competente e disposto a encarar o letreiramento da tradução de MINHA COISA FAVORITA É MONSTRO. Foi Américo Freiria, que vinha de 35 anos de experiência nas artes gráficas e já tinha encarado outros quadrinhos e livros complicados para a Companhia das Letras. Chamei minha entrevista com o Américo de Minha Coisa Favorita É Letras.
Ele não trabalhou sozinho. Convocou a filha, Jessica Freiria, que colaborou nesse e em vários outros trabalhos.
Seis anos depois, MINHA COISA FAVORITA É MONSTRO - LIVRO 2, a conclusão da história, está aí. O time se repetiu: eu, Américo e Jessica somos os tradutores. Mas com uma pequena inversão nas letras. Quem ficou com a maior parte do trabalho dessa vez foi a filha, não o pai.
“O Livro Um foi meu pai quem fez e me passava algumas tarefas pontuais: ‘constrói essa palavra, preenche esse fundo, rabisca mais aqui’, etc.”, diz Jessica Freiria, hoje com 25 anos. Ela colabora com o pai desde os 12. “De lá pra cá, aprimorei meus conhecimentos, e já que, para ganhar tempo, recebemos os textos das capas de revistas com antecedência, ele simplesmente falou: ‘faz aí’.”
Como Américo me explicou na nossa entrevista de 2019, a maior dificuldade no letreiramento não são as letras em si, mas o que fica atrás das letras. Reescrever MEDONHA em um estilo praticamente idêntico ao de GHASTLY, ok. O que toma tempo mesmo é refazer o fundo de rabiscos e hachuras coloridos por trás de GHASTLY/MEDONHA - seguindo o mesmo estilo, a mesma linha e as mesmas cores de Emil Ferris.
“Cada página demanda um tempo”, me disse Jessica. “Algumas eu ficava mais ou menos duas horas mexendo. Mas também tinham outras em que um dia inteiro não foi o suficiente.”
É bom dizer que MINHA COISA FAVORITA 2 tem quatrocentos e vinte e quatro páginas.
Dessa vez, Américo ficou com o letreiramento do que usava fontes (balões e recordatórios). Para o Livro Um, ele havia criado quatro fontes baseadas na letra manuscrita de Emil Ferris, e as aprimorou para o Livro Dois.
Jessica ficou com os letreiramentos manuais, a parte mais complexa.
Pedi para ela me explicar como funciona o trabalho em uma página. Ela escolheu a 44:
“A primeira coisa que faço, em qualquer que seja o projeto, é analisar como o arquivo original veio: se está em camadas, quantas cores foram usadas, o tipo de brush e a técnica usada, com riscos mais próximos, mais separados, se as linhas se cruzam, se estão inclinadas etc.
Depois de analisar e ter algumas ideias, já começo a fazer alguns testes. O importante é não ficar apenas pensando, mas colocar pelo menos uma das ideias em prática. Se não der certo, pular para a próxima sem perder muito tempo.
Crio alguns brushes, faço alguns rabiscos e vou sobrepondo, para saber se vai dar certo.
Na arte da página 44, comecei preenchendo o fundo dos dois textos que seriam substituídos, enquanto observava se conseguiria reutilizar as letras originais. Porém, em alguns casos, compensa desenhar todas as letras ao invés de reutilizar algumas e ficar com cara de remendo. Nestes dois casos, desenhei todas as letras.
Na parte ‘MOTHMAN/O HOMEM-TRAÇA’, o mais difícil foi fazer as letras em formato de garras. No ‘GHASTLY/MEDONHA’, foram as sobreposições de cores e texturas que, após várias sobreposições de traços, foi preciso chegar no mesmo tom do original. Usando alguns filtros a gente chega lá.
E então, tento reproduzir os traços da arte original. Como eu disse anteriormente, se o resultado não me agradar, mexo mais um pouco e, se não ficar bom, refaço tudo do zero, utilizando outra técnica.
Como Jessica disse, entreguei primeiro a tradução de todas as capas de revista de MINHA COISA 2. Ela poderia adiantar o trabalho nessas 35 páginas especiais - e mais trabalhosas - enquanto eu traduzia o resto do quadrinho. Funcionou.
“O fato de o texto do letreiramento vir com antecedência, e já aprovado pelo editor, evita ter que refazer”, diz Jessica. “Imagina só passar horas fazendo uma arte, chegar na hora da revisão e pedirem para alterar uma palavra.”
Este trabalho adiantado também ajudou na hora de repensar a tradução de uma das páginas mais difíceis do volume 2: a do LURCH.
É uma página diferente, pois Emil Ferris a desenhou como se fosse uma ilustração do irmão de Karen Reyes, o Dezê. Além disso, a integração entre imagens e texto é enorme.
Na minha primeira proposta de tradução, o monstro Lurch virava “A Margura”:
O PEQUENO DICKEY WHITHERS
ELE FOI PARAR NA RUA DA
MARGURA
Havia outras opções para o Pequeno Dickey Withers e o monstrão: “ele é o ENJEITADO”, “ele é o DESGARRADO”, “ele ficou ao DEUS-DARÁ”. Eu tinha que seguir a ideia do original, inventando um nome de monstro.
A Jessica tentou, mas nada se encaixava. Intermediados pela editora, ela me pediu uma outra solução: “Idealmente, a palavra em cima do menino precisa ter um número ímpar de letras e um R ou A como letra central.” As palavras que eu havia sugerido não formavam essa toca que o R do LURCH original formava. Além disso, “ELE FOI PARAR NA RUA DA” estava muito grande para tomar o lugar de “LEFT IN THE”.
Precisei de um tempo, mas saiu uma solução:
O PEQUENO DICKEY WITHERS
NAS MÃOS DO
ESTRAGO
Foi a única página que eu precisei refazer a pedido da Jessica. E ficou melhor.
Algumas coisas mudaram do Livro Um para o Livro Dois. Algumas páginas vieram organizadas em camadas - ou seja, entre outras vantagens, a letreirista pode mexer na camada de texto sem ter que reconstruir o fundo. No Livro 1, só as linhas do caderno pautado vinham em camada diferente da arte.
Mas o que fez a diferença mesmo no trabalho com o Livro Dois foi a experiência com o Livro Um. E outros trabalhos que pai e filha fizeram entre Um e Dois, como SPACE DUMPLINS, de Craig Thompson (tradução minha), RUSTY BROWN, de Chris Ware (tradução de Caetano Galindo), NA SALA DOS ESPELHOS, de Liv Strömquist (tradução de Kristin Lie Garrubo) e os quatro volumes de LORE OLYMPUS, de Rachel Smythe (tradução minha).
Em DRAGON HOOPS, de Gene Luen Yang (também tradução minha), a dificuldade foi praticamente o inverso do que ela teve com MINHA COISA FAVORITA: “Eram tantas camadas que ficava até difícil saber onde estava o quê”.
Os dois volumes de MINHA COISA FAVORITA foram os mais complicados? Não. Tanto pai quanto filha ainda lembram do pesadelo com DESENHADOS UM PARA O OUTRO, do casal Robert e Aline Crumb (tradução adivinhe de quem). “Este foi insano preencher com hachuras por trás dos balões que foram reduzidos”, disse Jessica.
Um detalhe: a edição brasileira de MINHA COISA FAVORITA É MONSTRO é a única em que se traduziu tudo. Em outros países, as editoras do quadrinho de Emil Ferris optaram por não mexer nos títulos das revistas de terror - e poupar uma trabalheira. Pelo menos no Livro Um foi assim:
Na tradução para o francês - de Jean-Charles Khalifa, com letras de Amandine Boucher e retoques de Jimmy Boukhalfa para a editora Monsieur Toussaint Louverture -, os títulos ficaram, mas as chamadas foram traduzidas:
Na tradução para o italiano - de Michele Foschini, com letras de Vanessa Nascimbene para a Bao Publishing -, não se traduziu nada das capas.
A edição em espanhol - tradução de Montse Meneses Vilar, letras de Toni Mascaró e Sergi Puyol para a Penguin Random House - tem notas de rodapé com as traduções:
E a edição brasileira:
Quem bate o martelo para decidir se esses títulos vão ser traduzidos ou não - se os tradutores-letreiristas vão ter essa carga de trabalho ou não - é o editor. Mas, sim, eu, tradutor, propus que os títulos fossem traduzidos quando fiz minha entrega. A culpa também é minha.
Perguntei à Jessica se, em algum momento durante os meses de trabalho, ela quis me matar.
“Desafios fazem parte do trabalho, isso é tranquilo”, ela respondeu. “Mas meu pai tem uma foto sua colada atrás da porta, onde ele fica atirando dardos.”
MINHA COISA FAVORITA É MONSTRO - LIVRO DOIS está em pré-venda, com previsão de lançamento para o fim de outubro. [amazon]
No Instagram da Quadrinhos na Cia., também há um vídeo em que a Jessica explica o processo de adaptação de uma página do livro dois.
Eu vi o fenômeno PÉTALAS. Acompanhei tudo. Em 2015, esse quadrinho de dois autores aqui do sul - Gustavo Borges e Cris Peter - passou dos 1400 apoios no Catarse. Depois, foi publicado em Portugal. Depois, na Polônia. Depois, na França. Depois, nos Estados Unidos. E foi indicado ao Eisner de melhor quadrinho infantil.
Sem dizer nada.
É um dos famosos “quadrinhos mudos”. (Todo quadrinho é mudo, mas a gente chama assim quando ele não tem balões.) É a história de um filhote de raposas e um pássaro de cartola tentando sobreviver ao inverno. Fofinha, mas também cruel.
Fazer quadrinho mudo é tanto um desafio quanto uma estratégia: desafia os autores a contar uma história com uma limitação; é estratégico porque você não tem que traduzir se quiser mostrar às editoras gringas.
Essa vantagem teve seu valor, como mostram as edições estrangeiras de PÉTALAS - mas só vale porque Gustavo e Cris cumpriram bem a parte do desafio.
PÉTALAS segue fenomenal. A campanha para a Edição Especial da HQ já triplicou a meta e superou o valor que eles arrecadaram na campanha de 2015.
A campanha segue até o dia 7 de setembro. Dá para apoiar aqui. Quem não leu, devia ler. Quem já leu, devia conhecer o formato novo, as novas artes e outros extras.
Dá para comprar junto outros quadrinhos do Gustavo Borges, como a série COMO FAZER AMIGOS E… (que ele faz com o xará Eric Peleias). E a REVISTA NEBLINA, da qual (spoiler) fui convidado a participar na edição 3.
A tradução de THE STRANGE DEATH OF ALEX RAYMOND está entregue para preparação. Ainda vai voltar para minhas mãos, mas por enquanto estou de férias da loucura do Dave Sim. Quem vai enlouquecer agora é o Lielson Zeni - que também foi meu preparador em MINHA COISA FAVORITA É MONSTRO.
(A campanha de A ESTRANHA MORTE começa na semana que vem no Catarse - no aniversário da morte de Alex Raymond.)
Agora, estou concentrado nas revisões do PROJETO DADAAB, do PROJETO TESLA e de mais um Omnibus Bárbaro.
Também saiu mais uma tradução de infantil durante a semana.
E revisei a preparação do PROJETO SOPA, que ficou bonitinho.
Esqueci de colar as contribuições com o 2Quadrinhos nas últimas semanas, então aí vai um carregamento.
Nos Lançamentos da Semana (incluindo um de Lançamentos Mais Aguardados de 2024):
E no 2Q News:
No próximo domingo, dia 1/9, tem um Notas dos Tradutores muito especial que já gravamos: uma conversa com a tradutora de JERUSALÉM, Marina Della Valle.
Falando em Notas, nós acabamos de anunciar uma novidade no nosso Instagram. Ignorem minha voz, meu rosto, meu nariz. Prestem atenção no Mário e no Carlão.
Os links abaixo são de trabalhos meus que foram lançados há pouco tempo ou serão lançados em breve. Comprar pelos links da Amazon me rende uns caraminguás. Se puder, use os links. As datas podem mudar a qualquer momento e eu não tenho nada a ver com isso.
em agosto
ASSASSINATO NO EXPRESSO DO ORIENTE, Bob Al-Greene (baseado no livro de Agatha Christie), harpercollins brasil
ANTES DISSO: COMO CHEGAMOS ATÉ AQUI E PARA ONDE PODEMOS IR - A HISTÓRIA DA HUMANIDADE, Oliver Jeffers, harpercollins brasil
VOCÊ DORME COMO UM MONSTRO?, Guilherme Karsten, harpercollins brasil
em setembro
PONTOS FRACOS, Adrian Tomine, nemo
O ABOMINÁVEL SR. SEABROOK, Joe Ollmann, quadrinhos na cia.
SENHOR DAS MOSCAS, Aimée de Jongh (baseado no livro de William Golding), suma
KULL: A ERA CLÁSSICA vol. 2, Roy Thomas, Don Glut, Gerry Conway, John Severin, Marie Severin e outros, panini
CONAN, O BÁRBARO 4, Jim Zub, Doug Braithwaite e outros, panini
CONAN, O BÁRBARO 5, Jim Zub e Roberto de la Torre, panini
STRANGER THINGS E DUNGEONS & DRAGONS, Jody Houser, Jim Zub, Diego Galindo e Msassyk, panini
A ESPADA SELVAGEM DE CONAN 1, John Arcudi, Max von Fafner, Jim Zub, Patrick Zircher, Robert E. Howard, Roy Thomas, panini
LÚCIFER - EDIÇÃO DE LUXO vol. 4, Mike Carey, Ryan Kelly, P. Craig Russell, Marc Hempel, Ronald Wimberly e outros, panini
OS INVISÍVEIS EDIÇÃO DE LUXO vol. 2, Grant Morrison, Steve Yeowell, Steve Parkhouse e vários, panini
CONAN, O BÁRBARO: A ERA CLÁSSICA vol. 8, James Owsley, Val Semeiks, Geof Isherwood e outros, panini
MOONSHADOW, J.M. DeMatteis, Jon J. Muth, pipoca & nanquim [reimpressão]
ZDM - EDIÇÃO DE LUXO vol. 2, Brian Wood, Kristian Donaldson, Nathan Fox, Riccardo Burchielli, Viktor Kalvachev, panini (traduzi metade das HQs e os extras)
Fui arrumar os gibis e vi que SHORTCOMINGS/PONTOS FRACOS estava na Estante dos Quero Traduzir. Mais uma vez que a magia dela funcionou. [amazon]
em outubro
MINHA COISA FAVORITA É MONSTRO - LIVRO 2, Emil Ferris, quadrinhos na cia.
LOBO OMNIBUS VOL. 1, Keith Giffen, Alan Grant, Val Semeiks, Martin Emond e outros, panini [traduzi um terço do omnibus]
OS INVISÍVEIS EDIÇÃO DE LUXO vol. 3, Grant Morrison, Phil Jimenez e vários, panini
em novembro
GRANT MORRISON E A HISTÓRIA, de Mario Marcello Neto, Felipe Radünz Krüger, Artur Lopes Filho e Márcio dos Santos Rodrigues (orgs.), Dokan Editora - escrevi a introdução
CONAN, O BÁRBARO 6, Jim Zub e Roberto de la Torre, panini
A ESPADA SELVAGEM DE CONAN 2, Jim Zub, Richard Case, Patrick Zircher, panini
vem aí
HOW TO e WHAT IF 2, Randall Munroe, companhia das letras
KRAZY & IGNATZ VOL. 2: 1919-1921, George Herriman, skript
SAPIENS VOL. 3, David Vandermeulen e Daniel Casanave, quadrinhos na cia.
COMIC BOOKS INCORPORATED, Shawna Kidman
ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS e ATRAVÉS DO ESPELHO, Lewis Carroll
FEEDING GHOSTS, Tessa Hulls, quadrinhos na cia.
THE STRANGE DEATH OF ALEX RAYMOND, Dave Sim e Carson Grubaugh, go!!!comics
mais BONE de Jeff Smith (e amigos), todavia
+ Adrian Tomine
+ Tom Gauld
+ Dan Clowes
+ Shaun Tan
+ Will Eisner
+ Gato Pete
+ Mike Birchall
+ Lore Olympus
+ Projeto Camalote
+ Projeto Tylenol
+ Projeto Fritas
+ Projeto Baleial
+ Projeto Kitty
+ Projeto Sopa
+ Conan
Todas as minhas traduções: ericoassis.com.br
ENTREVISTADOR
Gostei muito de ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA, mas não é uma leitura fácil. É um livro pesado. A tradução é ótima.
SARAMAGO
Sabia que Giovanni Portiero, meu tradutor de longa data no inglês, faleceu?
ENTREVISTADOR
Quando?
SARAMAGO
Em fevereiro [de 1997]. Morreu de AIDS. Ele estava traduzindo ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA, terminou e faleceu. Perto do final, ele começou a ficar cego devido à medicação que os médicos receitaram. Ele tinha que escolher entre tomar a medicação, que lhe daria mais algum tempo de vida, e não tomar, que acarretaria outros riscos. Ele optou, digamos assim, por preservar a visão enquanto traduzia um livro sobre cegueira. Foi uma situação devastadora.
Tradução, profissão de risco. Vi aqui. A entrevista é da Paris Review (completa aqui).
Felipe Portugal, aqui.
De OUTROS 500, do Rafael Coutinho.
Quando eu descobri quadrinho brasileiro, aí por fim dos anos 1990, o Pedro Bouça disse num fórum que A INSUSTENTÁVEL LEVEZA DO SER era a melhor HQ brasileira de todos os tempos.
Fiquei curioso. Mas, naquela época, era impossível de achar.
Uns anos depois saiu numa coletânea e eu consegui ler. Saiu em outros lugares. Já li um monte de vezes.
Agora tem aí, disponível a menos de dez reais, inclusive digital. Ainda vem com “Asas”, e com essa das pizzas que eu acho que nunca tinha lido. O futuro é generoso. [amazon]
Taiyo Matsumoto, TOKYO THESE DAYS vol. 1. Ainda estou começando.[amazon]
Meu nome é Érico Assis. Sou jornalista e tradutor. Escrevo profissionalmente sobre quadrinhos desde 2000, traduzo profissionalmente desde 2009. Sou um dos criadores do podcast Notas dos Tradutores, colaboro com o canal de YouTube 2Quadrinhos e com o programa Brasil em Quadrinhos do Ministério das Relações Exteriores. Dou cursos de tradução na LabPub.
Publiquei dois livros: BALÕES DE PENSAMENTO 1 e 2, disponíveis em formato digital e físico na Amazon.
Tem mais informações no meu website ericoassis.com.br.
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Incrível. Parabéns pelo seu trabalho!
Minha nossa, que trabalho incrível da Jessica e seu pai! 😳