088: NUNCA GOSTEI DE CRUMB
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Entreguei a tradução de CRUMB: A CARTOONIST’S LIFE, a biografia de Robert Crumb, à editora Todavia. Foram 480 páginas, 500 laudas, 1,048 milhões de toques, 148 dias de trabalho - do início de dezembro de 2024 ao fim de abril de 2025. Consultei e reli partes de tudo que saiu do Crumb no país no Brasil nos últimos 25 anos. Conversei com gente que me ajudou a entender e traduzir trechos relacionados a técnicas de desenho, maquinário de impressão, discos de 78 rotações e instrumentos musicais. Além das várias pesquisas que fiz por conta própria e das perguntas que o autor, Dan Nadel, me respondeu.
Eu não gostava dos quadrinhos do Crumb. Depois de ler a biografia, continuo não gostando.
Mas falo com sinceridade: o livro é excelente.
De MEUS PROBLEMAS COM AS MULHERES (trad. , Conrad, 2010)
Não sou o único que acha o livro excelente. CRUMB acabou de sair nos Estados Unidos - oficialmente, no dia 15 de abril - e já tem uma dúzia de resenhas. São positivas, quando não entusiasmadas.
Já comentei aqui na virapágina que fico um pouco perdido quando estou traduzindo um livro ou quadrinho que ainda não foi lançado e que, portanto, quase ninguém leu e que, portanto, não tem nenhum comentário. É claro que tenho a minha opinião, mas faz muita diferença saber uma média do público que leu, quais pontos são mais importantes para o público, como é a recepção daquilo que eu estou traduzindo. Importa porque, afinal, não estou traduzindo só para mim.
Quando a Todavia me passou a prévia do livro, em dezembro, combinamos que eu precisaria de cinco meses - é minha conta padrão: um mês para cada cem páginas - e calculei que ia entregar na época em que o livro estivesse saindo em inglês. Deu certo. Li as resenhas e ouvi as entrevistas com Nadel e Crumb enquanto lia a tradução pela última vez e dava os últimos ajustes. Ajudou.
O que toda resenha ressalta é o início do livro: Nadel contando que foi à cidadezinha na França onde Crumb mora para conversar sobre a ideia da biografia e saber se teria apoio do biografado. Crumb disse que sim, com uma condição: desde que Nadel não escondesse seus podres nem contornasse o que a obra dele tem de racismo, misoginia e outros temas complicados. Que não virasse uma hagiografia.
A partir do combinado, Nadel passou cinco anos pesquisando e escrevendo.
(Não significa absolutamente nada, mas acho legal o paralelo entre cinco anos de produção do livro e cinco meses de tradução do livro.)
Uma parte do meu material de pesquisa para a tradução de CRUMB
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