096: MONSTROS, O PLÁGIO E UMA ESCADA
barry windsor-smith e a trajetória de monstros | sorteio | dindim | minhas semanas | páginas viradas | fim
Enquanto dava uma entrevista, Barry Windsor-Smith soube que tinha sido roubado.
É a entrevista que está em AMAZING HEROES n. 188, de fevereiro de 1991, aparentemente do jeito como foi gravada. O motivo da conversa entre Windsor-Smith e o jornalista Thomas Harrington era ARMA X, quadrinho que estava para sair e viria a ser um clássico de Wolverine. Mas artista e entrevistador falam de outros projetos na pauta de BWS - como o chama quem não é íntimo. Pouca gente é.
BWS diz que está produzindo uma graphic novel do Hulk. Tal como em ARMA X ele conta uma parte importante da origem de Wolverine, sua história do Hulk vai explicar por que o mirrado cientista Bruce Banner passou a virar um gigante verde em fúria depois da Bomba Gama. Uma contribuição para a origem do monstrão verde.
Por quê? Porque o Hulk é resultado de um trauma de infância, dos abusos que Bruce Banner sofreu nas mãos do pai. Na lógica dos quadrinhos, a bomba gama fez Banner desabrochar essa criança birrenta em forma de gigante verde por causa da raiva reprimida de um menor abusado.
Psicologia pop em tom de denúncia social contra o abuso infantil: é um bom gibi Marvel. E desenhado por Barry Windsor-Smith, um titã, um ídolo venerado pelos colegas e pelos leitores. Um monstro por si só. Tem tudo para ser bom.
Aí, Thomas Harrington pergunta a BWS: “Você sabia que Peter David tratou desse mesmo assunto nas últimas edições do Hulk?”
BWS: “Não.”
O jornalista estava certo. Naquela época, já fazia alguns anos que a ideia do Hulk como um resultado de traumas da infância de Bruce Banner circulava nos gibis. Não foi Peter David quem introduziu essa ideia. Foi nas histórias de outro escritor que passou anos na revista do monstrão verde: Bill Mantlo. Especificamente em uma história, THE INCREDIBLE HULK n. 312, de 1985, com desenhos do novato Mike Mignola e arte-final de Gerry Talaoc.
É nela que se vê Brian Banner, o pai de Bruce, espancando tanto filho quanto esposa. Brian é um ex-militar nervoso, ciumento e alcoólatra. A violência chega ao ponto em que ele mata a esposa, é internado numa instituição psiquiátrica e Bruce é adotado por parentes.
Também sabemos que Brian Banner, o pai, esteve envolvido nos experimentos atômicos em Los Alamos e sofre da paranoia de que a radiação afetou sua prole. “Com toda a radiação bombardeada nos meus genes”, ele pensa, “como poderia meu filho ser qualquer coisa além de um…”
Entra o título da história:
“MONSTRO”.
Esta edição virou marco nos quadrinhos do Hulk. Inspirou várias psicologices em torno de Hulk e transformações do Hulk dali em diante, principalmente nas histórias de Peter David. No filme HULK, o de 2003, a ligação entre o monstro como criança reprimida e trauma de infância é um dos temas centrais. “Monstro” está no cânone de grandes histórias do Hulk.
Mas a ideia de “Monstro” não partiu de Bill Mantlo, nem de Mike Mignola, nem de Gerry Talaoc. Ela é de Barry Windsor-Smith.
E ela também é, de certo modo, MONSTROS, a graphic novel que BWS lançou muitos, muitos anos depois.
Começou com uma proposta de BWS à Marvel. Ele queria escrever e desenhar uma edição de Hulk para falar de abuso infantil. Não seria uma graphic novel. Seria um história de vinte e poucas páginas, na mensal do Hulk. O ano era 1984.
“Em meados dos anos oitenta”, BWS explicou em uma entrevista, anos depois, “o abuso infantil não era um fenômeno difundido nem entendido. Era uma época pré-Oprah (se é que você me entende) e os efeitos do abuso em crianças, essa coisa que cruza gerações, não eram reconhecidos nos Estados Unidos.”
Na proposta, ele ressalta que é importante tratar desse assunto em gibis - ainda era uma época que gibis chegavam a um público grande - e que ele não queria que fosse tratado como naquelas histórias do Homem-Aranha sobre viciados em drogas. “Quando o Gil Kane desenhou um moleque andando no parapeito do prédio, com bolhinhas voando na volta da cabeça, dizendo ‘Uau, cara, olha essas cores’”. Ele queria ser sério, dramático e contundente. Diz que se inspirou em peças de teatro de Harold Pinter (Volta ao Lar, A Festa de Aniversário).
BWS também queria usar palavrões. Estava na proposta. “É de importância considerável”, ele escreve, “ressaltar que esta história um tanto quanto fora do ordinário exige o uso do que o mundo editorial dos quadrinhos considera linguagem obscena.” Ele fez uma lista de palavras que deveriam sair da boca do pai paranoico e bêbado de Bruce Banner: “Damn. Goddam. Bitch. Hell. Slut.” Na época, eram palavras que não se podia usar em gibi. BWS não arredaria o pé nesse ponto - se o pai falasse o equivalente a “que droga” em vez de falar como um adulto normal, sua HQ não teria sentido.
A proposta chegou na Marvel já com páginas desenhadas. As páginas ficaram numa gaveta porque o editor-chefe da época, Jim Shooter, não queria aprovar o projeto com as obscenidades. Dizem que essas páginas circulavam entre editores e frilas que andavam pela Marvel porque, afinal, eram páginas de BWS, um monstro do desenho reconhecido e venerado há mais de uma década.
E assim elas foram parar na mão de Bill Mantlo.
A história de BWS não se chamava “Monstro”. O nome original era “Thanksgiving”, pois se daria em torno de um jantar de Ação de Graças na casa dos Banner: o dia em que o pai de Bruce, bêbado e armado, mata a esposa e outros familiares. É o ápice de anos de violência naquela família. O filho, ainda criança, ouve tudo encolhido na escada para o segundo piso da casa, formando o trauma.
Na HQ de Mantlo, Mignola e Talaoc, o cenário de Ação de Graças vira de Natal. O jeito como BWS desenhou o pai de Bruce Banner é bastante similar ao desenho de Mignola e Talaoc. A morte da mãe acontece fora dos quadros, mas o Bruce criança encolhido na escada está lá. Até a ideia dos contornos do Hulk, em verde, em torno do Bruce criança - que estava nas páginas de BWS, pelo que ele conta - aparece no gibi de Mantlo e companhia.
A HQ do Hulk, é claro, não contém nenhum impropério. “Sua mãe era uma tola” é o máximo de xingamento que suas falas atingem.
Windsor-Smith conta que só foi descobrir os detalhes de como havia sido plagiado dez anos depois de sua proposta. (Foi ainda depois daquela entrevista em que ouviu falar disso pela primeira vez.) Por volta de 1994, alguém lhe trouxe uma INCREDIBLE HULK n. 312. Até ali, ele ainda via chance de publicar sua história do Hulk com a Marvel. Já tinha pensado em expandi-la, transformar em graphic novel. Mas sua ideia e boa parte de seu roteiro já tinham sido usados, sem crédito.
“Meu enredo original do Hulk foi roubado, plagiado por um picareta da Marvel, que transformou a história numa versão diluída, pronta para aplicar na mensal do Hulk”, BWS comentou numa entrevista de 2019.
Depois de descobrir o plágio, ele pouco trabalhou para a Marvel. Só algumas capas e meia dúzia de páginas nos anos 2000.
BWS não jogou sua história fora. Resolveu transformar “Thanksgiving” em outra HQ, sem o Hulk, e vender para outra editora. Ele já tinha feito uma coisa parecida: “Morte em Vida III”, uma edição de X-Men focada em Tempestade, foi recusada pela Marvel e virou sua graphic novel ADASTRA NA ÁFRICA.
Quanto à história do Hulk, primeiro ela virou “The Monster”. Depois, “The Prometheus Project”. Os anos passaram, BWS se envolveu com outros projetos. Em fins dos anos 1990 e início dos 2000, a graphic novel tinha voltado a ser “The Monster” e era um projeto da DC/Vertigo. Os editores da Vertigo, mesmo sendo uma linha de quadrinho adulto, também não queriam usar algumas palavras obscenas que BWS insistia que eram indispensáveis - a lista de obscenidades agora incluía a palavra “cunt”. O acordo com a Vertigo morreu.
“The Monster” virou “Monsters”, e BWS falou em lançar como um trabalho independente, em cinco edições. Chegou a mostrar esboços de capas. Também não aconteceu.
O projeto só ganhou um empurrão nos anos 2000, da parte de Gary Groth - que tinha sido um dos primeiros entrevistadores de BWS, lá nos anos 1960, e agora era dono da Fantagraphics, editora de renome no quadrinho autoral. BWS e a Fantagraphics fecharam o projeto com o nome MONSTERS. Que, depois de mais alguns atrasos e imprevistos, saiu em 2021. Trinta e sete anos depois daquela proposta com o Hulk.
MONSTROS não tem vinte e poucas páginas. Tem 336. A cena do jantar de Ação de Graças, a que seria a história completa, está lá e por si só tem umas trinta páginas. É o núcleo em torno do qual gira toda a vida de Bobby Bailey (percebeu as iniciais à la Bruce Banner?), o menino que é espancado pelo pai até perder um olho. O pai que viu horrores, horrores de verdade, na Segunda Guerra Mundial - que nós acompanhamos - e nunca mais foi são.
Anos depois daquele Ação de Graças, Bobby vira cobaia de um experimento do governo para criar um supersoldado para a Guerra do Vietnã. O belicismo dos Estados Unidos, sempre envolvido em alguma guerra e em traumatizar soldadinhos, é um dos responsáveis pela destruição dessa família.
O monstro que resulta dali só consegue lembrar da sua mãe, daquele jantar, daquele dia e daquela escada. “A escada simbólica”, como BWS viria a dizer em outra entrevista.
É a escada que está na capa da edição brasileira de MONSTROS.
Bill Mantlo, o cara que plagiou a história de BWS com o Hulk - com conivência da Marvel, vale lembrar -, foi atropelado em 1992 no Brooklyn, enquanto andava de roller. Sofreu um traumatismo craniano que levou a uma lesão no cérebro. Está de cama, sob cuidados médicos, há mais de trinta anos.
Barry Windsor-Smith, hoje com 76 anos, disse várias vezes que não vai produzir nenhum outro quadrinho depois de MONSTROS. Talvez faça algo menor, talvez complemente algum material que ele deixou inacabado. É possível que a Fantagraphics esteja preparando uma edição completa de STORYTELLER, a série que era o maior orgulho de BWS nos anos 1990, mas que acabou, segundo ele, por descaso da editora Dark Horse. Mais uma briga que ele acumulou na vida.
MONSTROS não levou 37 anos para sair só por causa do plágio. Pesaram aí, primeiro, a meticulosidade do trabalho de BWS, com suas infinitas hachuras que ignoram prazo; e, segundo, o gênio do artista, que os americanos gostam de chamar de mercurial: volátil, inconstante, imprevisível. Não é coisa da idade. BWS é um monstro em vários sentidos - muitos bons, alguns mais difíceis.
Barry Windsor-Smith por Greg Preston (a foto é dos anos 1990 ou 2000)
MONSTROS saiu no Brasil pela Todavia em 2022, com tradução minha. [amazon]
As informações sobre o caso do plágio vieram de:
COMIC BOOK CREATOR n. 25 (TwoMorrows, 2021), da entrevista de BWS a Jon B. Cooke e de uma longa matéria do mesmo Cooke com tudo que se sabe sobre o caso [twomorrows]
COMIC BOOK ARTIST vol. 2, n. 1 (TwoMorrows, 2003), outra entrevista de BWS a Jon B. Cooke [twomorrows]
AMAZING HEROES n. 188 (Fantagraphics, 1991), com a entrevista de BWS a Thomas Harrington [dá para ler aqui]
ADASTRA NA ÁFRICA, graphic novel de BWS que citei acima, foi lançada no Brasil pela editora Trem Fantasma com tradução de Mario Luiz C. Barroso [amazon]
“O Monstro”, a HQ plágio, saiu em edição recente no Brasil em HULK: A SAGA DA ENCRUZILHADA, com tradução de Leo Camargo [amazon]
Escrevi sobre a indisposição de BWS para desenhar depois de MONSTROS no Blog da Companhia em 2021: “Desenhar é um prazer?”
E escrevi um diário da tradução de MONSTROS a convite da TOLEDO, que está disponível em português, inglês e alemão.
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ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS e ATRAVÉS DO ESPELHO, Lewis Carroll
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Todas as minhas traduções: ericoassis.com.br
As últimas duas semanas foram de concluir e entregar.
PROJETO PORVIR está definitivamente entregue, depois de muito tempo em cima de cada uma das trezentas e tantas páginas. Que anunciem logo.
PROJETO GOLFINHOS2 está encaminhando-se para o final. Fase 1 totalmente pronta, 454 páginas já entregues. Faltam umas 200.
PROJETO VALÃO está entregue.
Fase 1 do PROJETO AGATHA11 está pronta. Faltam revisões.
Foi importante terminar essa sequência de projetos, porque esta semana surgiram outros dois. Um já esperado, outro absolutamente não esperado e diferente de tudo que eu já fiz - é mais uma pesquisa de tradução do que uma tradução. Acho que só consigo dar mais detalhes no ano que vem. Paciência.
No 2Quadrinhos, teve um 2Q News sobre o quadrinho perdido de Alan Moore, o que quer dizer 616 e namoradas em geladeiras…
E um Lançamentos da Semana, o 50, sobre Superboy de jaquetinha, Chico Bento e quando Warren Ellis e Mark Millar eram moleques:
Sinto que eu fiz mais coisa que não foi trabalho do que trabalho essa semana. Nessas duas últimas semanas, já que não fiz diário na última virapágina. A vida não para.
De BATMAN & ROBIN: YEAR ONE n. 7, por Mark Waid (argumento/roteiro), Chris Samnee (argumento/desenho), Matheus Lopes (cores), Clayton Cowles (letras) [amazon]
FISHFLIES, de Jeff Lemire (com letras de Steve Wands) [amazon]
Adorei essa capa da mesma série, por Duncan Fegredo:
Li uma coleção de FALSE KNEES, de Joshua Barkman - e recomendo com força ler em coleção, um monte de tiras juntas, em vez de ler uma e outra que pipoca na rede de vez em quando. É uma potência:
que puta dia do caralho
não tem como ganhar dessa porra
puta que pariu olha a flor
é uma buceta boa essa vida
se escutar atentamente, você vai ouvir que a natureza quer falar contigo
ouviu?
ela diz: “shhh… não dá bola”
“você não tem importância”
FALSE KNEES: AN ILLUSTRATED GUIDE TO ANIMAL BEHAVIOR [amazon]
Estou numa loooooonga e leeeeenta leitura de todas as edições de ZOT!, de Scott McCloud. Depois da n. 10, o gibi vira outro, muito melhor. Fiquei mais empolgado para ir até o fim.
Também estou numa loooonga leitura de BERSERK, de Kentaro Miura. Eu nunca tinha lido. Ninguém tinha me contado que é um Conan moleque - não só porque tem um personagem moleque. É uma narrativa moleque.
“Que mundo misterioso!
Preciso achar as respostas
Cada resposta rende mais perguntas…
…pelo menos eu tenho várias perguntas
Agora meu negócio são as perguntas
Que mundo misterioso!”
A vida de um cientista, por Tom Gauld, aqui.
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Meu nome é Érico Assis. Sou jornalista e tradutor. Escrevo profissionalmente sobre quadrinhos desde 2000, traduzo profissionalmente desde 2009. Sou um dos criadores do podcast Notas dos Tradutores, colaboro com o canal de YouTube 2Quadrinhos e com o programa Brasil em Quadrinhos do Ministério das Relações Exteriores. Dou cursos de tradução na LabPub. E escrevo esta newsletter.
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E que você vire ótimas páginas até a semana que vem.
Espero que você continue escrevendo sobre sua leitura de Berserk. Será interessante :)
Uma coisa que eu acho bem interessante de Monstros é que a história muda de um gênero para outro ao longo dos capítulos. Vai do body horror e crítica ao militarismo da história do Monstro em si ao horror gótico do pai na guerra ao romance sulista da mãe com o xerife. Fica bem claro, sabendo do longo tempo de gestação da obra, que BWS foi expandindo o trabalho ao longo dos anos e acrescentando esses capítulos todos. E o gênio da coisa é que no final tudo faz sentido.